dinsdag 28 december 2010

Pedido do nosso irmão Povo Unido para expandir esta MSG de Vaticano aos muitos irmãos espalhados pelo mundo fora através do blog de irmãos Povo Maubere Tuba Rai Metin! Leiam e expandem continuamente...

O mundo visto de Roma

Serviço diario - 25 de dezembro de 2010

SANTA SÉ
Para Papa, Natal é um fato, não uma história bonita
Papa na noite de Natal: homem não pode redimir a si mesmo
Papa pede liberdade religiosa neste Natal
Situação na América Latina preocupa Papa

MUNDO

Diante da violência fundamentalista, patriarca de Jerusalém propõe Amor de Belém
Ordenados 61 sacerdotes legionários de Cristo

DOCUMENTAÇÃO

Homilia de Bento XVI na Missa da noite de Natal
Mensagem de Natal de Bento XVI
O Natal torna possível a esperança
MENSAGEM AOS LEITORES
Feliz Natal! Voltamos no dia 1º de janeiro
Santa Sé
Para Papa, Natal é um fato, não uma história bonita

Insiste no caráter histórico da Encarnação

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Em sua mensagem de Natal, Bento XVI sublinhou o fato de que o nascimento de Jesus é um "fato", um acontecimento histórico, não uma bela história inventada.

Dirigindo-se aos milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro e milhões de pessoas dos cinco continentes que o ouviam ao vivo na televisão, rádio e internet, o Papa aproveitou sua saudação de Natal para explicar o maior mistério do cristianismo.
"É com alegria que vos anuncio a mensagem do Natal: Deus fez-se homem, veio habitar no meio de nós. Deus não está longe: está perto, mais ainda, é o ‘Emanuel', Deus-conosco. Não é um desconhecido: tem um rosto, o rosto de Jesus."
Segundo o Papa, trata-se de "uma mensagem sempre nova, que não cessa de surpreender, porque ultrapassa a nossa esperança mais ousada".
"Sobretudo, porque não se trata apenas de um anúncio: é um acontecimento, um fato sucedido, que testemunhas credíveis viram, ouviram, tocaram na Pessoa de Jesus de Nazaré!"
"Permanecendo com Ele, observando os seus atos e escutando as suas palavras, reconheceram em Jesus o Messias; e, ao vê-lo ressuscitado, depois que fora crucificado, tiveram a certeza de que Ele, verdadeiro homem, era simultaneamente verdadeiro Deus, o Filho unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade."
Diante desta revelação, o Papa apresentou uma pergunta óbvia: "Como é possível? O Verbo e a carne são realidades opostas entre si; como pode a Palavra eterna e onipotente tornar-se um homem frágil e mortal?".
Segundo o Pontífice, "só há uma resposta possível: o Amor. Quem ama quer partilhar com o amado, quer estar-lhe unido, e a Sagrada Escritura apresenta-nos precisamente a grande história do amor de Deus pelo seu povo, com o ponto culminante em Jesus Cristo".
"Somente aqueles que se abrem ao amor são envolvidos pela luz do Natal. Assim sucedeu na noite de Belém, e assim é hoje também."
"Se a verdade fosse apenas uma fórmula matemática, em certo sentido impor-se-ia por si mesma. Mas, se a Verdade é Amor, requer a fé, o ‘sim' do nosso coração."
De fato, ele se perguntou: "E que procura, efetivamente, o nosso coração, senão uma Verdade que seja Amor?". Esta Verdade, assegurou, "é como o fermento da humanidade: se faltasse, definharia a força que faz avançar o verdadeiro progresso, o impulso para colaborar no bem comum, para o serviço desinteressado do próximo, para a luta pacífica pela justiça".
"Acreditar no Deus que quis compartilhar a nossa história é um constante encorajamento a comprometer-se com ela, inclusive no meio das suas contradições; é motivo de esperança para todos aqueles cuja dignidade é ofendida e violada, porque Aquele que nasceu em Belém veio para libertar o homem da raiz de toda a escravidão", concluiu.

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Papa na noite de Natal: homem não pode redimir a si mesmo

Compõe uma oração para que acabe o tempo das “vestes manchadas de sangue”

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Na missa do Galo deste Natal, Bento XVI refutou o falso moralismo, segundo o qual o homem pensa que pode redimir a si mesmo, e mostrou como Deus, ao fazer-se Menino, foi ao seu encontro para que a humanidade pudesse descobrir o Amor.
Em sua homilia durante a celebração, que começou duas horas antes da meia-noite, o Papa explicou o significado do Natal, constatando que nele "fica superada a distância infinita entre Deus e o homem"; e compôs uma oração para pedir que termine a época da tirania da violência e das "vestes manchadas de sangue".

Falso espiritualismo e moralismo

Ao explicar o mistério do Natal e da ação de Deus, o Pontífice convidou a superar dois extremos da vida espiritual. Em primeiro lugar, o de quem reconhece "apenas o agir exclusivo de Deus, como se Ele não tivesse chamado o homem a uma resposta livre e amorosa".
"Mas seria errada também uma resposta moralizante, segundo a qual o homem com a sua boa vontade poder-se-ia, por assim dizer, redimir a si próprio", sublinhou.
"As duas coisas andam juntas: graça e liberdade; o amor de Deus, que nos precede e sem o qual não O poderemos amar, e a nossa resposta, que Ele espera e até no-la suplica no nascimento do seu Filho."
"Deus precedeu-nos com o dom do seu Filho - afirmou. E, sempre de novo e de forma inesperada, Deus nos precede. Não cessa de nos procurar, de nos levantar todas as vezes que o necessitamos. Não abandona a ovelha extraviada no deserto, onde se perdeu. Deus não se deixa confundir pelo nosso pecado. Sempre de novo recomeça conosco."
"Todavia espera que amemos juntamente com Ele. Ama-nos para que nos seja possível tornarmo-nos pessoas que amam juntamente com Ele e, assim, possa haver paz na terra", disse.
Uma oração de Natal
O Papa afirmou que ainda que, com a encarnação do Filho de Deus, tenham surgido "ilhas de paz" - "em todo o lado onde ela é celebrada, temos uma ilha de paz, daquela paz que é própria de Deus" - também "é verdade que ‘o bastão do opressor' não foi quebrado'", segundo falava o profeta Isaías.
"Também hoje marcha o calçado ruidoso dos soldados e temos ainda incessantemente a ‘veste manchada de sangue'", à qual fazia alusão o profeta do Antigo Testamento.
Por isso, o sucessor do apóstolo Pedro compôs esta oração para o Natal: "Senhor, realizai totalmente a vossa promessa. Quebrai o bastão dos opressores. Queimai o calçado ruidoso. Fazei com que o tempo das vestes manchadas de sangue acabe. Realizai a promessa de ‘uma paz sem fim' (Isaías 9, 6)".
E concluiu: "Nós vos agradecemos pela vossa bondade, mas pedimos-vos também: mostrai a vossa força. Instituí no mundo o domínio da vossa verdade, do vosso amor - o ‘reino da justiça, do amor e da paz'".
No final da Missa, algumas crianças levaram a imagem do Menino Jesus ao portal de Belém preparado dentro da Basílica Vaticana. O Papa se recolheu em oração silenciosa diante da representação artística.

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Papa pede liberdade religiosa neste Natal

Manifesta sua proximidade aos cristãos perseguidos

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - A mensagem de Natal de Bento XVI culminou com um premente apelo ao respeito pela liberdade religiosa de todos os crentes e uma declaração de solidariedade para com os cristãos que sofrem perseguição ou discriminação.
Diante de milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro para receber a bênção Urbi et Orbi - desafiando a chuva -, o Papa felicitou o mundo pelo nascimento do Menino Jesus em 65 idiomas.
Além disso, lançou um apelo a favor das populações atingidas pela violência ou pelas catástrofes naturais: da Terra Santa e Iraque ao Haiti e outros países latino-americanos; do Afeganistão e Paquistão aos países africanos em guerra; da tensão entre as duas Coreias à difícil situação dos cristãos na China.
Falando da sacada central da Basílica Vaticana, o Pontífice desejou que "o amor do ‘Deus-conosco' dê perseverança a todas as comunidades cristãs que sofrem discriminação e perseguição e inspire os líderes políticos e religiosos a se empenharem pelo respeito pleno da liberdade religiosa de todos".
"Que a celebração do nascimento do Redentor reforce o espírito de fé, de paciência e de coragem nos fiéis da Igreja na China continental, para que não desanimem com as limitações à sua liberdade de religião e de consciência e, perseverando na fidelidade a Cristo e à sua Igreja, mantenham viva a chama da esperança", afirmou o Santo Padre.
Bento XVI buscou que a mensagem de Deus feito Homem ressoasse particularmente entre aquelas pessoas "cuja dignidade é ofendida e violada, porque Aquele que nasceu em Belém veio para libertar o homem da raiz de toda a escravidão".
Antes de tudo, dirigiu-se àquela "Terra onde Jesus nasceu", na esperança de que "inspire israelitas e palestinos na busca duma convivência justa e pacífica".
Desejou que "o anúncio consolador da vinda do Emanuel mitigue o sofrimento e console nas suas provas as queridas comunidades cristãs do Iraque e de todo o Oriente Médio, dando-lhes conforto e esperança no futuro e animando os responsáveis das nações a uma efetiva solidariedade para com elas".
A seguir, pediu solidariedade a favor "daqueles que, no Haiti, ainda sofrem com as consequências do terremoto devastador e com a recente epidemia de cólera", assim como para os que, "na Colômbia e na Venezuela, mas também na Guatemala e na Costa Rica, sofreram recentemente calamidades naturais".
O Bispo de Roma destacou os dramas vividos na África; em particular, desejou que "o nascimento do Salvador abra perspectivas de paz duradoura e de progresso autêntico para as populações da Somália, de Darfur e da Costa do Marfim; promova a estabilidade política e social em Madagascar".
Por último, exigiu a "segurança e respeito dos direitos humanos ao Afeganistão e Paquistão", o impulso do "diálogo entre a Nicarágua e a Costa Rica", e "a reconciliação na Península Coreana".
(Jesús Colina)

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Situação na América Latina preocupa Papa

Em especial as tensões entre Nicarágua e Costa Rica

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Bento XVI confessou, em sua mensagem de Natal, que acompanha com preocupação os dramas humanitários vividos atualmente na América Latina e no Caribe, assim como as tensões entre a Nicarágua e a Costa Rica.
Antes de dar a sua bênção Urbi et Orbi, o Pontífice lançou um apelo urgente à solidariedade em favor das comunidades carentes do subcontinente americano.
Como era lógico, começou pedindo ajuda a favor "daqueles que, no Haiti, ainda sofrem com as consequências do terremoto devastador e com a recente epidemia de cólera".
Depois pediu que não se esquecessem "aqueles que, na Colômbia e na Venezuela, mas também na Guatemala e na Costa Rica, sofreram recentemente calamidades naturais".
Por fim, pediu o incentivo do "diálogo entre a Nicarágua e a Costa Rica", referindo-se à disputa de fronteira entre os dois países, surgida em outubro, pelas obras de dragagem realizada no Rio San Juan e as reivindicações territoriais dos dois países sobre a Ilha de Calero.
Em sua felicitação em português, o Papa disse: "Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e nações!".

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Mundo

Diante da violência fundamentalista, patriarca de Jerusalém propõe Amor de Belém

Na Missa da meia-noite na véspera de Natal

BELÉM, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Diante da violência fundamentalista que atinge em especial as comunidades cristãs, o patriarca latino de Jerusalém propôs o Amor de Deus Menino, ao presidir a Missa do Galo na véspera do Natal, em Belém.
Na celebração, que contou com a participação do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, e do primeiro-ministro, Salam Fayaad, Sua Beatitude Fouad Twal exigiu o respeito a toda criança, nascida ou por nascer, e deu um forte impulso ao diálogo entre crentes das diferentes religiões.
Na noite do Natal, que testemunhou uma extraordinária afluência de peregrinos na cidade natal de Jesus (cerca de 15 mil, do mundo inteiro), as autoridades israelenses concederam 500 vistos a cristãos de Gaza para irem a Belém.
"Em um mundo ferido pela violência e pelo integrismo, que legitima as piores ações, chegando até a homicídios nas igrejas, o Menino de Belém vem nos recordar que o primeiro mandamento é o do Amor", afirmou o Patriarca Fouad Twal, na homilia que dirigiu na igreja de Santa Catarina.
"O Natal nos lembra o valor único da vida humana, que é um dom de Deus. Toda criança nascida ou por nascer possui uma dignidade única e merece grande respeito, pois é criada à imagem do Menino da Gruta - disse. Como é doloroso constatar que milhões de abortos são cometidos a cada ano no mundo inteiro, devido ao egoísmo e à dureza de coração, à rejeição da vida que começa desde os primeiros instantes da concepção!"
O patriarca confessou a sua tristeza "pelas situações difíceis em que crescem cerca de 80% das crianças da humanidade" e constatou que "as crianças dos nossos países do Oriente Médio estão abaixo do limiar de pobreza".
"Muitas conhecem condições precárias, nos campos de refugiados, ou vivem situações familiares dramáticas, privadas do afeto de seus pais", afirmou.
Unindo-se às conclusões do Sínodo dos Bispos sobre o Oriente Médio, realizado em Roma em outubro, o patriarca deu um forte impulso ao diálogo interconfessional e inter-religioso.
"Este diálogo é um imperativo, é a resposta ao ateísmo moderno e aos integrismos que ameaçam o povo de Deus. Assim, o fanatismo atingiu recentemente a comunidade cristã do Iraque, de maneira trágica", afirmou, referindo-se ao ataque contra a catedral siro-católica de Bagdá em 31 de outubro, que deixou 58 mortos e mais de 100 feridos.
"Nosso desejo para esta festa é que o som dos sinos das nossas igrejas cubra o barulho das armas no nosso Oriente Médio ferido. Que a alegria esteja presente em todos os rostos; que a alegria penetre em todos os corações!", concluiu o patriarca.

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Ordenados 61 sacerdotes legionários de Cristo

Pelo cardeal Velasio De Paolis, delegado pontifício

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Na manhã de 24 de dezembro, o cardeal Velasio De Paolis C.S., presidente da Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé e delegado pontifício para a Legião de Cristo, ministrou a ordenação sacerdotal a 61 legionários de Cristo.
A cerimônia teve lugar na Basílica de São Paulo Fora dos Muros. Concelebraram o bispo Brian Farrell, LC, secretário do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Dom Paolo Schiavon, bispo auxiliar da diocese de Roma e também um grupo de padres legionários que ontem completaram 25 anos de sacerdócio, incluindo o Pe. Álvaro Corcuera, LC, diretor geral da Legião de Cristo e do Regnum Christi, e o Pe. Luis Garza, LC, vigário geral da Congregação e do Movimento.
Explicando o significado do sacerdócio, o cardeal De Paolis disse em sua homilia: "Jesus se coloca entre nós, por meio de nós, quando o sacerdote anuncia a Palavra, não a sua palavra, mas a de Cristo; não o faz para anunciar a si mesmo, mas para anunciar Cristo."
"Não deve apresentar a si mesmo, mas o amor e a doutrina que são d'Ele", sublinhou, afirmando que "precisamos de sacerdotes para que Jesus nos sustente, santifique, perdoe; e que sejam pastores autênticos". E completou: "Precisamos de sacerdotes para a humanidade!".
Os 61 novos sacerdotes vêm de 11 países: Alemanha (1), Brasil (4), Canadá (3), Coreia do Sul (1), Espanha (7), Estados Unidos (7), Itália (6), México (28), Nova Zelândia (1), Venezuela (2) e Vietnã (1). Com exceção de um, sua idade oscila entre 30 e 40 anos.

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Documentação

Homilia de Bento XVI na Missa da noite de Natal

“Foi superada a distância infinita entre Deus e o homem”

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos, a seguir, a homilia que Bento XVI pronunciou durante a Missa da noite de Natal, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
* * *
Amados irmãos e irmãs!
«Tu és meu filho, Eu hoje te gerei» - com estas palavras do Salmo segundo, a Igreja dá início à liturgia da Noite Santa. Ela sabe que esta frase pertencia, originariamente, ao rito da coroação do rei de Israel. O rei, que por si só é um ser humano como os outros homens, torna-se «filho de Deus» por meio do chamamento e entronização na sua função: trata-se de uma espécie de adopção por parte de Deus, uma acta da decisão, pela qual Ele concede a este homem uma nova existência, atraindo-o para o seu próprio ser. De modo ainda mais claro, a leitura tirada do profeta Isaías, que acabámos de ouvir, apresenta o mesmo processo numa situação de tribulação e ameaça para Israel: «Um menino nasceu para nós, um filho nos foi concedido. Tem o poder sobre os ombros» (9, 5). A entronização na função régia é como um novo nascimento. E, precisamente como recém-nascido por decisão pessoal de Deus, como menino proveniente de Deus, o rei constitui uma esperança. O futuro assenta sobre os seus ombros. É o detentor da promessa de paz. Na noite de Belém, esta palavra profética realizou-se de um modo que, no tempo de Isaías, teria ainda sido inimaginável. Sim, agora Aquele sobre cujos ombros está o poder é verdadeiramente um menino. N'Ele aparece a nova realeza que Deus institui no mundo. Este menino nasceu verdadeiramente de Deus. É a Palavra eterna de Deus, que une mutuamente humanidade e divindade. Para este menino, são válidos os títulos de dignidade que lhe atribui o cântico de coroação de Isaías: Conselheiro admirável, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz (9, 5). Sim, este rei não precisa de conselheiros pertencentes aos sábios do mundo. Em Si mesmo traz a sapiência e o conselho de Deus. Precisamente na fragilidade de menino que é, Ele é o Deus forte e assim nos mostra, face aos pretensiosos poderes do mundo, a fortaleza própria de Deus.
Na verdade, as palavras do rito da coroação em Israel não passavam de palavras rituais de esperança, que de longe previam um futuro que haveria de ser dado por Deus. Nenhum dos reis, assim homenageados, correspondia à sublimidade de tais palavras. Neles, todas as expressões sobre a filiação de Deus, sobre a entronização na herança dos povos, sobre o domínio das terras distantes (Sal 2, 8) permaneciam apenas presságio de um futuro - como se fossem painéis sinalizadores da esperança, indicações apontando para um futuro que então era ainda inconcebível. Assim o cumprimento da palavra, que tem início na noite de Belém, é ao mesmo tempo imensamente maior e - do ponto de vista do mundo - mais humilde do que a palavra profética deixava intuir. É maior, porque este menino é verdadeiramente Filho de Deus, é verdadeiramente «Deus de Deus, Luz da Luz, gerado, não criado, consubstancial ao Pai». Fica superada a distância infinita entre Deus e o homem. Deus não Se limitou a inclinar o olhar para baixo, como dizem os Salmos; Ele «desceu» verdadeiramente, entrou no mundo, tornou-Se um de nós para nos atrair a todos para Si. Este menino é verdadeiramente o Emanuel, o Deus-connosco. O seu reino estende-se verdadeiramente até aos confins da terra. Na imensidão universal da Sagrada Eucaristia, Ele verdadeiramente instituiu ilhas de paz. Em todo o lado onde ela é celebrada, temos uma ilha de paz, daquela paz que é própria de Deus. Este menino acendeu, nos homens, a luz da bondade e deu-lhes a força para resistir à tirania do poder. Em cada geração, Ele constrói o seu reino a partir de dentro, a partir do coração. Mas é verdade também que «o bastão do opressor» não foi quebrado. Também hoje marcha o calçado ruidoso dos soldados e temos ainda incessantemente a «veste manchada de sangue» (Is 9, 3-4). Assim faz parte desta noite o júbilo pela proximidade de Deus. Damos graças porque Deus, como menino, Se confia às nossas mãos, por assim dizer mendiga o nosso amor, infunde a sua paz no nosso coração. Mas este júbilo é também uma prece: Senhor, realizai totalmente a vossa promessa. Quebrai o bastão dos opressores. Queimai o calçado ruidoso. Fazei com que o tempo das vestes manchadas de sangue acabe. Realizai a promessa de «uma paz sem fim» (Is 9, 6). Nós Vos agradecemos pela vossa bondade, mas pedimos-Vos também: mostrai a vossa força. Instituí no mundo o domínio da vossa verdade, do vosso amor - o «reino da justiça, do amor e da paz».
«Maria deu à luz o seu filho primogénito» (Lc 2, 7). Com esta frase, São Lucas narra, de modo absolutamente sóbrio, o grande acontecimento que as palavras proféticas, na história de Israel, tinham com antecedência vislumbrado. Lucas designa o menino como «primogénito». Na linguagem que se foi formando na Sagrada Escritura da Antiga Aliança, «primogénito» não significa o primeiro de uma série de outros filhos. A palavra «primogénito» é um título de honra, independentemente do facto se depois se seguem outros irmãs e irmãs ou não. Assim, no Livro do Êxodo, Israel é chamado por Deus «o meu filho primogénito» (Ex 4, 22), exprimindo-se deste modo a sua eleição, a sua dignidade única, o particular amor de Deus Pai. A Igreja nascente sabia que esta palavra ganhara uma nova profundidade em Jesus; que n'Ele estão compendiadas as promessas feitas a Israel. Assim a Carta aos Hebreus chama Jesus «o primogénito» simplesmente para O qualificar, depois das preparações no Antigo Testamento, como o Filho que Deus manda ao mundo (cf. Heb 1, 5-7). O primogénito pertence de maneira especial a Deus, e por isso - como sucede em muitas religiões - devia ser entregue de modo particular a Deus e resgatado com um sacrifício de substituição, como São Lucas narra no episódio da apresentação de Jesus no templo. O primogénito pertence a Deus de modo particular, é por assim dizer destinado ao sacrifício. No sacrifício de Jesus na cruz, realiza-se de uma forma única o destino do primogénito. Em Si mesmo, Jesus oferece a humanidade a Deus, unindo o homem e Deus de uma maneira tal que Deus seja tudo em todos. São Paulo, nas Cartas aos Colossenses e aos Efésios, ampliou e aprofundou a ideia de Jesus como primogénito: Jesus - dizem-nos as referidas Cartas - é o primogénito da criação, o verdadeiro arquétipo segundo o qual Deus formou a criatura-homem. O homem pode ser imagem de Deus, porque Jesus é Deus e Homem, a verdadeira imagem de Deus e do homem. Ele é o primogénito dos mortos: dizem-nos ainda aquelas Cartas. Na Ressurreição, atravessou o muro da morte por todos nós. Abriu ao homem a dimensão da vida eterna na comunhão com Deus. Por fim, é-nos dito: Ele é o primogénito de muitos irmãos. Sim, agora Ele também é o primeiro duma série de irmãos, isto é, o primeiro que inaugura para nós a vida em comunhão com Deus. Cria a verdadeira fraternidade: não a fraternidade, deturpada pelo pecado, de Caim e Abel, de Rómulo e Remo, mas a fraternidade nova na qual somos a própria família de Deus. Esta nova família de Deus começa no momento em que Maria envolve o «primogénito» em faixas e O reclina na manjedoura. Supliquemos-Lhe: Senhor Jesus, Vós que quisestes nascer como o primeiro de muitos irmãos, dai-nos a verdadeira fraternidade. Ajudai-nos a tornarmo-nos semelhantes a Vós. Ajudai-nos a reconhecer no outro que tem necessidade de mim, naqueles que sofrem ou estão abandonados, em todos os homens, o vosso rosto, e a viver, juntamente convosco, como irmãos e irmãs para nos tornarmos uma família, a vossa família.
No fim, o Evangelho de Natal narra-nos que uma multidão de anjos do exército celeste louvava a Deus e dizia: «Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens que Ele ama» (Lc 2, 14). A Igreja ampliou, no hino «Glória...», este louvor que os anjos entoaram à vista do acontecimento da Noite Santa, fazendo dele um hino de júbilo sobre a glória de Deus. «Nós Vos damos graças por vossa imensa glória». Nós Vos damos graças pela beleza, pela grandeza, pela tua bondade, que, nesta noite, se tornam visíveis para nós. A manifestação da beleza, do belo, torna-nos felizes sem que devamos interrogar-nos sobre a sua utilidade. A glória de Deus, da qual provém toda a beleza, faz explodir em nós o deslumbramento e a alegria. Quem vislumbra Deus, sente alegria; e, nesta noite, vemos algo da sua luz. Mas a mensagem dos anjos na Noite Santa também fala dos homens: «Paz aos homens que Ele ama». A tradução latina desta frase, que usamos na Liturgia e remonta a São Jerónimo, interpreta diversamente: «Paz aos homens de boa vontade». Precisamente nos últimos decénios, esta expressão «os homens de boa vontade» entrou de modo particular no vocabulário da Igreja. Mas qual é a tradução justa? Devemos ler, juntas, as duas versões; só assim compreendemos rectamente a frase dos anjos. Seria errada uma interpretação que reconhecesse apenas o agir exclusivo de Deus, como se Ele não tivesse chamado o homem a uma resposta livre e amorosa. Mas seria errada também uma resposta moralizante, segundo a qual o homem com a sua boa vontade poder-se-ia, por assim dizer, redimir a si próprio. As duas coisas andam juntas: graça e liberdade; o amor de Deus, que nos precede e sem o qual não O poderemos amar, e a nossa resposta, que Ele espera e até no-la suplica no nascimento do seu Filho. O entrelaçamento de graça e liberdade, o entrelaçamento de apelo e resposta não podemos dividi-lo em partes separadas uma da outra. Ambas estão indivisivelmente entrançadas entre si. Assim esta frase é simultaneamente promessa e apelo. Deus precedeu-nos com o dom do seu Filho. E, sempre de novo e de forma inesperada, Deus nos precede. Não cessa de nos procurar, de nos levantar todas as vezes que o necessitamos. Não abandona a ovelha extraviada no deserto, onde se perdeu. Deus não se deixa confundir pelo nosso pecado. Sempre de novo recomeça connosco. Todavia espera que amemos juntamente com Ele. Ama-nos para que nos seja possível tornarmo-nos pessoas que amam juntamente com Ele e, assim, possa haver paz na terra.
Lucas não disse que os anjos cantaram. Muito sobriamente, escreve que o exército celeste louvava a Deus e dizia: «Glória a Deus nas alturas...» (Lc 2, 13-14). Mas desde sempre os homens souberam que o falar dos anjos é diverso do dos homens; e que, precisamente nesta noite da jubilosa mensagem, tal falar foi um canto no qual brilhou a glória sublime de Deus. Assim, desde o início, este canto dos anjos foi entendido como música vinda de Deus, mais ainda, como convite a unirmo-nos ao canto com o coração em júbilo pelo facto de sermos amados por Deus. Diz Santo Agostinho: Cantare amantis est - cantar é próprio de quem ama. Assim ao longo dos séculos, o canto dos anjos tornou-se sempre de novo um canto de amor e de júbilo, um canto daqueles que amam. Nesta hora, associemo-nos, cheios de gratidão, a este cantar de todos os séculos, que une céu e terra, anjos e homens. Sim, Senhor, nós Vos damos graças por vossa imensa glória. Nós Vos damos graças pelo vosso amor. Fazei que nos tornemos cada vez mais pessoas que amam juntamente convosco e, consequentemente, pessoas de paz. Amém.

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Mensagem de Natal de Bento XVI

“Deixemos o coração iluminar-se com a luz que brilha na gruta de Belém!”

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos, a seguir, a mensagem de Natal que Bento XVI pronunciou ao meio-dia de hoje, da sacada central da Basílica Vaticana, antes de dar sua bênção urbi et orbi.
* * *
«Verbum caro factum est - o Verbo fez-Se carne» (Jo 1, 14).
Queridos irmãos e irmãs, que me ouvis em Roma e no mundo inteiro, é com alegria que vos anuncio a mensagem do Natal: Deus fez-Se homem, veio habitar no meio de nós. Deus não está longe: está perto, mais ainda, é o «Emanuel», Deus-connosco. Não é um desconhecido: tem um rosto, o rosto de Jesus.
Trata-se de uma mensagem sempre nova, que não cessa de surpreender, porque ultrapassa a nossa esperança mais ousada. Sobretudo porque não se trata apenas de um anúncio: é um acontecimento, um facto sucedido, que testemunhas credíveis viram, ouviram, tocaram na Pessoa de Jesus de Nazaré! Permanecendo com Ele, observando os seus actos e escutando as suas palavras, reconheceram em Jesus o Messias; e, ao vê-Lo ressuscitado, depois que fora crucificado, tiveram a certeza de que Ele, verdadeiro homem, era simultaneamente verdadeiro Deus, o Filho unigénito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade (cf. Jo 1, 14).
«O Verbo fez-Se carne». Fitando esta revelação, ressurge uma vez mais em nós a pergunta: Como é possível? O Verbo e a carne são realidades opostas entre si; como pode a Palavra eterna e omnipotente tornar-se um homem frágil e mortal? Só há uma resposta possível: o Amor. Quem ama quer partilhar com o amado, quer estar-lhe unido, e a Sagrada Escritura apresenta-nos precisamente a grande história do amor de Deus pelo seu povo, com o ponto culminante em Jesus Cristo.
Na realidade, Deus não muda: mantém-se fiel a Si mesmo. Aquele que criou o mundo é o mesmo que chamou Abraão e revelou o seu próprio Nome a Moisés: Eu sou Aquele que sou... o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob... Deus misericordioso e compassivo, cheio de amor e fidelidade (cf. Ex 3, 14-15; 34, 6). Deus não muda: Ele é Amor, desde sempre e para sempre. Em Si mesmo, é Comunhão, Unidade na Trindade, e cada obra e palavra sua tem em vista a comunhão. A encarnação é o ápice da criação. Quando no ventre de Maria, pela vontade do Pai e a acção do Espírito Santo, se formou Jesus, Filho de Deus feito homem, a criação atingiu o seu vértice. O princípio ordenador do universo, o Logos, começava a existir no mundo, num tempo e num espaço.
«O Verbo fez-Se carne». A luz desta verdade manifesta-se a quem a acolhe com fé, porque é um mistério de amor. Somente aqueles que se abrem ao amor, são envolvidos pela luz do Natal. Assim sucedeu na noite de Belém, e assim é hoje também. A encarnação do Filho de Deus é um acontecimento que se deu na história, mas ao mesmo tempo ultrapassa-a. Na noite do mundo, acende-se uma luz nova, que se deixa ver pelos olhos simples da fé, pelo coração manso e humilde de quem espera o Salvador. Se a verdade fosse apenas uma fórmula matemática, em certo sentido impor-se-ia por si mesma. Mas, se a Verdade é Amor, requer a fé, o «sim» do nosso coração.
E que procura, efectivamente, o nosso coração, senão uma Verdade que seja Amor? Procura-a a criança, com as suas perguntas tão desarmantes e estimuladoras; procura-a o jovem, necessitado de encontrar o sentido profundo da sua própria vida; procuram-na o homem e a mulher na sua maturidade, para orientar e sustentar os compromissos na família e no trabalho; procura-a a pessoa idosa, para levar a cumprimento a existência terrena.
«O Verbo fez-Se carne». O anúncio do Natal é luz também para os povos, para o caminho colectivo da humanidade. O «Emanuel», Deus-connosco, veio como Rei de justiça e de paz. O seu Reino - bem o sabemos - não é deste mundo, e todavia é mais importante do que todos os reinos deste mundo. É como o fermento da humanidade: se faltasse, definhava a força que faz avançar o verdadeiro progresso, o impulso para colaborar no bem comum, para o serviço desinteressado do próximo, para a luta pacífica pela justiça. Acreditar em Deus que quis compartilhar a nossa história, é um constante encorajamento a comprometer-se com ela, inclusive no meio das suas contradições; é motivo de esperança para todos aqueles cuja dignidade é ofendida e violada, porque Aquele que nasceu em Belém veio para libertar o homem da raiz de toda a escravidão.
A luz do Natal resplandeça novamente naquela Terra onde Jesus nasceu, e inspire Israelitas e Palestinianos na busca duma convivência justa e pacífica. O anúncio consolador da vinda do Emanuel mitigue o sofrimento e console nas suas provas as queridas comunidades cristãs do Iraque e de todo o Médio Oriente, dando-lhes conforto e esperança no futuro e animando os Responsáveis das nações a uma efectiva solidariedade para com elas. O mesmo suceda também em favor daqueles que, no Haiti, ainda sofrem com as consequências do terramoto devastador e com a recente epidemia de cólera. Igualmente não sejam esquecidos aqueles que, na Colômbia e na Venezuela mas também na Guatemala e na Costa Rica, sofreram recentemente calamidades naturais.
O nascimento do Salvador abra perspectivas de paz duradoura e de progresso autêntico para as populações da Somália, do Darfour e da Costa do Marfim; promova a estabilidade política e social em Madagáscar; leve segurança e respeito dos direitos humanos ao Afeganistão e Paquistão; encoraje o diálogo entre a Nicarágua e a Costa Rica; favoreça a reconciliação na Península Coreana.
A celebração do nascimento do Redentor reforce o espírito de fé, de paciência e de coragem nos fiéis da Igreja na China continental, para que não desanimem com as limitações à sua liberdade de religião e de consciência e, perseverando na fidelidade a Cristo e à sua Igreja, mantenham viva a chama da esperança. O amor do «Deus-connosco» dê perseverança a todas as comunidades cristãs que sofrem discriminação e perseguição, e inspire os líderes políticos e religiosos a empenharem-se pelo respeito pleno da liberdade religiosa de todos.
Queridos irmãos e irmãs, «o Verbo fez-Se carne», veio habitar no meio de nós, é o Emanuel, o Deus que Se aproximou de nós. Contemplemos, juntos, este grande mistério de amor; deixemos o coração iluminar-se com a luz que brilha na gruta de Belém! Boas-festas de Natal para todos!

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O Natal torna possível a esperança

Mensagem de Natal do Cardeal-Patriarca de Lisboa

LISBOA, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Apresentamos, a seguir, a mensagem de Natal do Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo.
* * *
1. Mais uma vez é noite de Natal. A comemoração do nascimento de Jesus em Belém originou, ao longo dos séculos, uma tradição cultural de paz e fraternidade. Nesta noite, as pessoas abrem espontaneamente o coração a valores porventura adormecidos no dia-a-dia da vida: a paz interior, a beleza da comunhão e da fraternidade, a aceitação simples de um Deus connosco, no rosto humano de um Menino que nasceu para nós. É a mensagem de Belém, transformada em cultura, que a todos envolve: Glória a Deus nas alturas e na terra paz, para os homens bons. Saúdo-vos a todos nesta noite diferente e quero muito que esta minha saudação seja um grito de esperança para Portugal, para o Portugal concreto, neste final de 2010 e início de 2011.
Eu sei que, para muitos portugueses, para muitas famílias, este não será um Natal fácil; será tanto mais exigente quanto a alegria da festa esteja ligada ao bem-estar material. Mas também em Belém, há dois mil anos, a alegria daquele nascimento não foi impedida pela pobreza da gruta, último recurso para um casal deslocado, para quem não havia lugar nas hospedarias da cidade. Eles viveram e exprimiram aquilo que, mais tarde, seria a mensagem de Jesus: a pobreza não impede, necessariamente, a alegria. Ao contrário, Ele chama bem-aventurados aos pobres, mais sensíveis às verdadeiras alegrias da esperança no Reino de Deus.
2. Nas últimas semanas, tem-se falado, sobretudo, no Portugal económico. Analisou-se a crise económico-financeira, dissecaram-se as suas causas, discutiram-se as soluções, de austeridade inevitável, segundo parecer generalizado de peritos, analistas e políticos. É certo que, principalmente no contexto ocidental em que estamos inseridos, a saúde da economia é condição para o crescimento da sociedade. Mas em momentos de especiais dificuldades, como o que atravessamos, as crises não encontrarão verdadeira solução, se não pusermos o acento no Portugal cultural, na verdadeira identidade espiritual do nosso Povo, caldeada ao longo de séculos por valores que constituem a verdadeira alma de Portugal. É, pois, o momento de abraçarmos com coragem e determinação esta nossa identidade, espiritual e cultural, de modo que nenhuma crise ou sofrimento as ponham em questão.
Recordarei convosco, esta noite, alguns desses valores constitutivos da tradição cultural portuguesa, procurando ver, convosco, como eles podem ajudar a viver, com grandeza, o momento presente. Antes de mais a solidariedade. Portugal é um Povo solidário e acolhedor. Essa dimensão exprimiu-se de tantas maneiras: no sentido comunitário de aldeias e municípios, onde todos aprenderam a dar-se as mãos na busca de soluções comunitárias, para o desenvolvimento local, para a solução dos problemas sociais; na criatividade das iniciativas culturais. Povo solidário, exprimiu esse acolhimento a todos os que vêm de fora, turistas, emigrantes, forasteiros ou peregrinos. Os que chegam, diferentes na cor, na raça, ou mesmo na religião, são nossos irmãos.
Esta crise pode suscitar, em cada um de nós, este espírito de solidariedade. Estejamos atentos ao nosso próximo, que pode ser o nosso vizinho. Façamos do seu sofrimento a nossa causa; não olhemos só para aquilo de que nos privaram ou nos obrigaram a pagar a mais; mas partilhemos generosamente o que temos com quem tem menos do que nós.
A força espiritual de Portugal é, e sempre foi, a família, enraizada na beleza do amor de um homem e de uma mulher, aprofundado na experiência sublime da fecundidade. A família é a fonte da coragem. Fortalecidos na comunhão familiar, os nossos antepassados travaram todas as batalhas, arriscaram todas as aventuras, para escrever, por vezes com sangue, o nome de Portugal. Ela é o alfobre da fidelidade, e o amor, mesmo o amor por Portugal, supõe sempre a fidelidade, tantas vezes provada e experimentada, mas vencedora com a graça própria do sacramento do matrimónio. Quem não é fiel na família, dificilmente o será aos grandes desafios e objectivos da comunidade nacional. A generosidade na busca generosa do bem-comum, aprende-se na família. As famílias portuguesas, de modo particular as famílias cristãs, são convidadas a envolver no seu amor comunitário outras famílias em dificuldade.
A alma de Portugal é a de um povo crente, que confia na ajuda de Deus e na protecção maternal de Maria, Mãe de Jesus. Não receemos recorrer a essa protecção, amorosa e poderosa. Se nunca aprendestes a rezar, deixai que a espontaneidade do vosso coração aflito se transforme em prece, rezai com outras pessoas que saibam rezar. Partilhar a fé e a oração pode ajudar a resistir neste momento difícil. E que cada um não reze só por si, mas pelos outros, sobretudo pelos que estão aflitos e mais sofrem.
3. Hoje é Natal. Nesta noite bela, é possível a todos deixar renascer a esperança. O seu fundamento é o amor de Deus que nos visita, fazendo-se Homem nosso irmão; é o amor dos irmãos que, em momentos difíceis, nos fazem sentir o calor da fraternidade. A esperança só se fundamenta no amor, no amar e sentir-se amado. Só o amor nos dá força para lutar e nos ensinará a confiar. Olhemos o presépio e sintamo-nos como aquele Menino, abraçados pela mesma Mãe.
Bom Natal!
† JOSÉ, Cardeal-Patriarca
(Com agência Ecclesia)

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Mensagem aos leitores
Feliz Natal! Voltamos no dia 1º de janeiro

CIDADE DO VATICANO, sábado, 25 de dezembro de 2010 (ZENIT.org) - Após estes intensos dias de serviço informativo por ocasião do Natal, a redação de ZENIT terá alguns dias de descanso. Publicaremos o próximo serviço em 1º de janeiro, Dia Mundial da Paz.
ZENIT lhe deseja um feliz Natal, recordando as palavras que Bento XVI dirigiu aos seus colaboradores e amigos: "O Verbo se fez carne" (Jo 1, 14). O Papa acompanhou sua felicitação com um cartão que mostra uma escultura da Sagrada Família, de Barcelona.
Veja o cartão do Papa em: http://www.zenit.org/page-0702?l=portuguese.

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